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A importância dos limites

A tarefa mais importante do ser humano, para muitos a mais difícil, é educar bem seus filhos. Educar é um ato de amor que exige: tempo, paciência, doação, compreensão, dedicação, envolvimento, disponibilidade e acima de tudo responsabilidade. Educar é ensinar a criança desde cedo a lidar com as suas frustrações e com seus sentimentos negativos de maneira adequada, é saber colocar os limites certos na hora certa.

Como diz Içami Tiba em seu livro “Quem ama educa”, o “ SIM” só tem valor para quem conhece o “NÃO”. É fundamental estabelecer limites na educação dos filhos para que sintam a segurança de serem verdadeiramente amados e protegidos, isso acontece, pois a criança cresce com a confiança de poder contar com os pais, sabendo que eles não irão permitir que ela faça algo prejudicial a si mesma e aos outros, pois estão cuidando e se preocupando com a vida dela.

Muitos pais sentem-se inseguros na hora de colocar limites, temendo traumatizar os filhos ou não querendo vê-los sofrer, alguns cedem por não suportar o choro ou a insistência deles. A criança que não aprendeu a lidar com frustrações transforma-se num adolescente frágil, despreparado para lidar com os problemas da vida e na primeira decepção amorosa ou profissional fica totalmente desestruturado não sabendo como agir. Temos também o oposto: pais que são extremamente rigorosos e energéticos, que usam o autoritarismo proibindo tudo, dizendo não a tudo e reprimindo excessivamente seus filhos. Acham que assim estão educando. Muitos adolescentes me procuram pedindo ajuda, pois os pais não os deixam ir a festas de aniversário dos amigos, shopping ou cinema.

Hoje em dia percebemos muita insegurança no adulto, o mundo evoluiu, porém os perigos aumentaram e é natural sentirmos medo em certas circunstâncias, mas temos que orientar e esclarecer sobre os perigos e confiar na educação que transmitimos aos nossos filhos, sempre os acompanhando de perto, conhecendo seus amigos, participando da sua vida, sabendo suas preferências, ouvindo suas opiniões, sabendo desde qual é sua banda preferida até que matérias que tem mais facilidade, o que está aprendendo, qual a semana de avaliações, etc.

Pais que foram muito reprimidos em sua infância, geralmente vivem num conflito entre reproduzir, mesmo que inconscientemente, a repressão recebida ou serem totalmente liberais. Muitas vezes agem tentando resolver suas próprias frustrações através da infância dos filhos, dando a eles não o que precisam, mas o que não tiveram em sua própria infância. Quando a infância dos pais está projetada e transferida para a infância dos filhos é impossível estabelecer limites e educar de forma sadia.

Alguns pais dão aos seus filhos o que seu dinheiro tem o poder de dar e não o que eles realmente precisam. Já ouvi crianças dizerem que nunca vão precisar de ninguém e que podem tudo porque os pais são empresários e ganham muito bem. Isso é um perigo muito grande. Então como fazer? Como colocar limites de forma segura? Como fazer os filhos entenderem que limites fazem parte da responsabilidade dos pais e que é dever dos pais ensinar sobre a vida, sobre o que é certo ou errado? Em primeiro lugar, o adulto deve procurar se equilibrar, não sendo radical nem extremista. Limites devem ser colocados com carinho e com muito amor. É preciso explicar o porquê do não.

O que tem prejudicado a relação entre pais e filhos é a falta de diálogo, de paciência e de compreensão mútua. É função dos pais a orientação dos filhos e se isso é feito com segurança, clareza e seriedade a criança irá entender. O que acontece muitas vezes é que o adulto não tem tempo, ou por chegar em casa tarde do trabalho e ainda ter que dar conta dos afazeres do lar, ou então está atravessando fases difíceis como: dificuldades conjugais, separações, desemprego, crises financeiras, e não gostariam que a criança também lhe desse problemas, e na primeira manifestação de birra, ciúmes ou até carência falam aos gritos com os filhos, descarregando muitas vezes os problemas que suportou o dia inteiro. Isso não é educar, e nem estabelecer limites e sim ataques de ira e de fúria que mostram o desequilíbrio de quem não está conseguindo lidar com seus próprios problemas. Não podemos colocar limites através de insultos e humilhações, pois isso fere a auto-estima da criança, jamais devemos usar de agressividade verbal ou física, isso mostra o despreparo dos pais enquanto educadores.

O sentimento de proteção deve estar presente sempre ao dar uma determinada ordem, por exemplo: “Filho, eu não posso permitir que você faça isso porque eu te amo muito, e isso irá trazer uma consequência negativa para você mesmo”. É necessário explicar sobre as consequências, mostrar que tudo o que fazemos ou deixamos de fazer traz uma consequência, por exemplo: se cultivamos amizades, temos amigo, se cultivamos inimizades, temos inimigos, se prestamos atenção na aula e nos esforçamos vamos ter bons resultados, caso contrário, teremos notas baixas, e assim por diante. Falando em consequências, pais que respeitam seus filhos, são por eles respeitados. As regras e a disciplina servem para melhorar a convivência e a qualidade de vida de todos, portanto deve ser evitado todo e qualquer comportamento que possa prejudicar ferir ou magoar alguém ou a si próprio, e um mau comportamento deve ser corrigido sempre.

Algumas vezes precisamos de ajuda profissional, hoje a psicologia tem contribuído muito para que haja relacionamentos familiares sadios, equilibrados e felizes. Pais precisamos nos melhorar a cada dia, pois os filhos são com certeza os seres que mais amamos, não podemos ficar inseguros, na hora de dizer um não que protege e educa, pois a felicidade é uma construção interior que suporta bem a frustração.

Fonte: Maria Cristina Malimpensa Mariana - Psicóloga - CRP 06/19421 - www.clinicamcm.com.br