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O Filho Preferido

Na sua família existe um filho preferido?
Essa é uma questão bem difícil de responder, pois cada caso é um caso e depende de muitas outras questões... Na maioria das famílias, os filhos sempre reclamam que o irmão é o filho preferido, isto porque cada filho tem sua necessidade de ser único para os pais e gostaria que todo o amor e atenção fossem exclusivamente seus, é o egoísmo que todo ser humano tem.
Somente o primeiro filho passa por um período como o filho único, até a chegada do segundo filho, sentindo a exclusividade de ter o afeto dos seus pais só para si. Geralmente é o filho que sente maior ciúme. O amor dos pais não deveria se dividir com a chegada do segundo filho, e sim se multiplicar. Quando os pais não conseguem lidar satisfatoriamente com mais de um filho, precisam de ajuda. Muitas vezes uma psicoterapia familiar é indicada nestes casos.
O segundo filho e os demais já nascem tendo que saber dividir, portanto os pais precisam aprender a lidar com todas estas situações para não formarem rivalidades entre os irmãos. Comparações entre filhos geram ciúme e rivalidade entre irmãos. Muitas vezes os pais destroem emocionalmente aqueles que mais amam: seus filhos, com insultos, cobranças excessivas ou falta de limites.
Quando estas questões não são bem conduzidas pela família, o ciúme inicia na infância e termina na herança, onde muitas famílias se distanciam totalmente, cada filho querendo ficar com o melhor do que sobrou dos pais, é como se nesse momento os bens materiais significassem o amor e o carinho dos pais e cada um quer ficar com a melhor parte.
Cada filho necessita dos pais de forma diferente, pois são seres humanos diferentes e tem necessidades próprias. Essas necessidades mudam de acordo com as fases do desenvolvimento. A tarefa dos pais é de unir a família, agregando, formando um sentimento nos filhos de pertencimento ao grupo familiar. É muito importante formar uma equipe que é o grupo familiar, onde a vitória de um membro da família significa a vitória de todos. Muitas vezes os pais colocam os filhos uns contra os outros, por não terem habilidades para lidar com a individualidade de cada um.
O amor dos pais é incondicional, um sentimento muito forte, de proteção, defesa, bem querer, porém alguns pais não conseguem demonstrar todo esse sentimento devido as suas próprias dificuldades emocionais. O amor verdadeiro de pais para filhos é aquele que você daria sua vida para salvar o filho, e isso é igual para qualquer um dos filhos, filho é filho, nesta hora não existem preferências. É algo instintivo de proteção à sua cria e quando isso não acontece é porque existe, então, algum problema vincular.
Como acontecem então certas preferências?
Os pais, como todos os seres humanos, tem um lado mais resolvido, que é mais fácil de lidar e um lado menos resolvido que muitas vezes nega e esconde de si mesmo.
O filho que se parece mais com o seu lado bem resolvido, geralmente é o mais fácil de você lidar, já o filho que se parece mais com seu lado mal resolvido é o mais difícil de você lidar, pois você vê refletido nele muitas vezes as suas dificuldades que tenta esconder de si mesmo.
Cada filho é um ser diferente do outro. Alguns pais podem desenvolver maior apego, afinidade, proteção ou se preocupar mais com um determinado filho, constantemente ou em alguma fase da vida. Isso é normal e os pais não deveriam sentir-se culpados por isto.
São vários os motivos para que isto aconteça. Vejamos algumas situações onde geralmente os pais desenvolvem maior apego:
- Ao filho que mais precisa dele;
- Quando o filho tem ou teve algum problema de saúde mais sério;
- Quando sentiu a possibilidade de perdê-lo;
- Por problemas na gravidez (ex: gravidez de risco);
- Por ter rejeitado a gravidez inicialmente e depois se arrependeu;
- Por fazer do filho uma extensão de si próprio;
- Por tentar se realizar através do filho;
- Por semelhanças, afinidades no modo de ser, pensar ou agir;
- Por frustrações pessoais;
- Por ser o que dá mais trabalho na escola;
- Por ser o mais irresponsável (vide a estória do filho pródigo);
- Por ser o mais carinhoso;
-Por ter mais facilidade no relacionamento.
E outros.
Pais mal resolvidos fazem diferenças e comparações entre os filhos, prejudicando tanto ao preferido como ao que se sente rejeitado. Geralmente o preferido desenvolve um sentimento de nunca poder errar, tornando-se exigente demais consigo mesmo, demonstrando muito medo de errar e deixar de ser o preferido, procurando sempre ser o certinho. Muitas vezes anula seus desejos, sentimentos e vontades, para não contrariar aos pais, tenta sempre corresponder às expectativas dos pais, teme perder o amor dos pais e o lugar de “o preferido”.
Em outros casos, quando há super-proteção por parte dos pais, o filho preferido pode se tornar o mais protegido, desenvolvendo sentimentos de insegurança e incapacidade, sendo que em muitas vezes o filho se acomoda, ficando “folgado”, pelo fato dos pais resolverem tudo por ele, não dando a oportunidade do aprendizado necessário para resolver seus próprios problemas.
Já o filho que se sente “o rejeitado”, desenvolve auto-estima negativa, pois sente que se nem seus pais o aceitam como ele é, as outras pessoas também não o aceitarão. Desenvolve sentimento de inadequação, incapacidade, insegurança, raiva, revolta e muita mágoa.
Pais bem resolvidos entendem que os filhos são diferentes e que cada um necessita deles de uma forma diferente. Respeitam a individualidade, o jeito de ser de cada um. Elogiam as suas qualidades sem comparações. Sabem estar com todos os filhos, em suas necessidades, transmitem segurança, colocam limites, e desenvolvem um amor único e incondicional em relação a cada filho.

Fonte: Maria Cristina Malimpensa Mariana - Psicóloga - CRP 06/19421 - www.clinicamcm.com.br